terça-feira, 21 de abril de 2009

100% Jovem

Ainda por cima o Vítor era primo do namorado da melhor amiga dela, a Marina, o que era espectacular porque assim tinha podido contar com a ajuda dela para o fisgar. Ela estava mesmo decidida a não o deixar escapar e se isso significava andar com ele pelos cantos escuros de Portalegre e pelas casas-de-banho da escola, que fosse...
Quem observasse a Rita nesse dia, enquanto ela fitava zangada o seu reflexo no espelho da casa de banho do bar, teria tido dificuldades em descobrir o que a poderia irritar tanto.
Era muito gira, com o seu cabelo pelos ombros, liso e os seus olhos castanhos cor de mel. Vestia-se de uma maneira engraçada e tinha dois irmãos do melhor, o Chico e o Ruca, já para não falar de ser uma das poucas miúdas da idade dela que têm o seu próprio bar.
A única coisa que tinha corrido mal na sua vida tinha sido mesmo a morte do pai, que era um bêbado, e a fuga da sua mãe que a abandonou a ela e aos irmãos, mas isso já ela tinha ultrapassado, afinal nem a mãe, nem o pai tinham tido um grande papel na sua vida.
Nessa tarde em particular, a Rita, tinha a certeza que nada na sua vida voltaria a estar bem outra vez. Desde que o André tinha ido trabalhar para o bar que ela não conseguia deixar de pensar nele... Era tão giro! E também era muito divertido e querido e amoroso e... e não lhe ligava nenhuma.
Era isso que a chateava e muito... O que é que ela podia fazer para ele gostar dela?
-Ena, que cara! -exclamou a Ana Sofia colocando-se ao lado dela e arranjando o cabelo.
-Achas? -perguntou a Rita passando o batôn de brilho nos lábios.
-Hum, hum... -fez a Ana Sofia enquanto tentava espremer uma borbulha que tinha no queixo. -Ah! É verdade, o André pediu para te chamar...
-A sério? -perguntou a Rita entusiasmada.
-Diz que o movimento está muito grande e precisam de ajuda. -concluiu a Ana Sofia.
-Ya, já devia saber que era só isso...-suspirou a Rita enquanto saía da casa de banho a arrastar os pés.
A Ana Sofia não conseguiu evitar sorrir, sabia bem que a Rita estava completamente caidinha pelo André, mas não achava que ela tivesse grandes hipóteses, primeiro ele era mais velho que ela e depois havia qualquer coisa de estranho nele, não sabia dizer o quê, mas que havia, havia.
Não sabia o que se passava na escola, mas de repente parecia que toda a gente andava apaixonada e só se viam casalinhos por todo o lado, até o irmão dela, o Vítor, andava mais ou menos com a Cláudia e, claro, depois haviam namoros mais antigos como o do seu primo David com a Marina, que já andavam há quase um ano, embora só se vissem aos fins-de- -semana e nas férias. Só ela é que não arranjava ninguém e isso começava a fazê-la sentir-se deslocada.
Bem, pensou ela enquanto saía da casa de banho, estava na hora de mudar isso e o rapaz que estava sentado na mesa do Miguel até que era bem interessante... Era estranho como, embora já o conhecesse há tanto tempo, só agora tivesse reparado nele.
-Já viste aquela? Está mesmo a olhar para mim! -exclamou o Ricardo.
-Nem penses que vais comer a minha prima! -disse o Miguel com má cara.
-Aquela é a tua prima? A Ana Sofia? Bem, está mesmo boa... rapariga, claro. Fica descansado que eu não gosto de pitinhas.
-Ya, com tanta gaja boa por aí...-concordou o Miguel. -Já viste a namorada do meu irmão? Aquilo é que é...
-Ui, nem digas nada! -exclamou o Ricardo.
-Mas olha que isto hoje até não está nada mal... Já viste a das madeixas roxas? Aquela Cátia, ou lá como ela se chama, a das aulas de karaté... -apontou o Miguel.
-Pena é o namorado da Cátia, grande palhaço, aposto que é ela que manda nele... -continuou o Ricardo.- Tem ar de ter mau feitio, uma vez quase me torceu um braço no karaté.
-Eu gosto delas é resmungonas...-disse o Miguel olhando fixamente para a Cátia. -Mas por enquanto acho que vou mudar de vítima. Aquelas duas do bar ainda não tiraram os olhos de mim, uma aposta em como antes do próximo fim-de-semana já curti com as duas.

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